Prazer pelo extermínio

Aos assassinos, idólatras de assassinos, fetichistas de chacina, aos que gozam ao ver a fileira de corpos de pretos e pobres: o maior pânico de vocês é que haja o fim do crime organizado. O fim do crime organizado — possível através de uma política de segurança pública séria, sistêmica, comprometida, inteligente etc. — é, para vocês, o que menos interessa — aquilo que mais deve ser evitado.
O que sobraria do prazer, do deleite em que vocês são viciados, se as soluções concretas e eficazes, à mão do Estado, capazes de asfixiar o crime organizado pela garganta, de maneira quase irreversível fosse, de uma vez por todas, colocadas em ação?
Vocês não estão interessados: vocês lutam, com todas as forças, contra os investimentos necessários e a efetivação da inteligência pública com condições de minar o crime organizado. Dilapidam as formas de inteligência pela prevalência do horror. Pior, sempre pior: vocês colaboram com o fomento e a expansão do crime organizado para, no dia seguinte, usá-lo como justificativa da prática de extermínio daqueles que vocês não consideram humanos.
A troco do quê? Manutenção de poder e privilégios é pouco, não explica tudo, não atinge o fundo. É, também, para manter seus vícios em barbárie, sangue e sofrimento daqueles que, para vocês, são menos que bicho. Vocês se refestelam, se deliciam mesmo é com a crueldade, com o terror; gostam do cheiro e do estampido da aniquilação, têm fascinação pelos massacres, sentem fome de extermínio. Seus antepassados recentes, diretos, são os terroristas brancos que dizimaram inúmeros povos inocentes à base da cruz, da espada e do vírus.
Se há mal no mundo, qual professa a religião que ensinam, vocês são o mal encarnado. O deus de vocês salvará até o traficante. Mas não salvará Cláudio Castro e companhia.
A farfalhada niusleter é o meio mais livre e satisfatório por onde espalho, na internet, meus escritos fragmentários de muitos temas e tons: dos arranhões filosóficos e políticos baseados, quase sempre, no debate sobre civilização e ecologia, aos meus haicais, haibuns e zuihitsus da vida cotidiana. Alguns dos textos que compartilho aqui estão presentes no meu último livro, um miscelânea fragmentária chamada O clarão das frestas. Atrair inscritos é sempre uma alegria, mas dá trabalho. Se você acompanha e aprecia esta niusleter, e conhece gente que também faria o mesmo, compartilhe, indique.

Abraços e até a farfalhada #109,
Felipe Moreno
>>> Leia as niusleteres anteriores <<<
>>> Instagram: @frugalista