Tipo Aquilo #13 – Hacker aqui!
Hacker aqui. Adiantando alguns assuntos que vocês terão de lidar na semana, nada contra vocês que estão aqui, mas ninguém melhor que eu para tomar a newsletter do Cadu e convencer vocês a programarem rsrsrs. ;)
Eu queria começar essa edição debatendo se um designer precisa saber programar. O problema é que esse assunto já é debatido há muito tempo e, a cada debate, a gente entende que um designer não precisa, mas no fundo, precisa sim. No mínimo, deve conhecer bem as ferramentas que usa para aproveitar várias oportunidades de automação de tarefas que existem, das que as fabricantes oferecem às que você pode criar por conta própria.
Já adianto que esse assunto é extenso, o que eu abordo aqui é apenas uma fração das coisas legais que existem nesse ramo (depois escrevo mais), e como todo bom hacker de Araraquara, você deve correr atrás de informação na medida do possível. =D

Primeiro, vamos falar das coisas que não são exatamente programação, mas que automatizam alguns processos ou permitem explorar melhor seus recursos. Uma queixa comum de usuários dos produtos da Adobe é que o acesso aos recursos OpenType não é fácil, o que desmotiva (mas só um pouco ;D) type designers a explorar recursos, por exemplo, de localização, substituição e alternância contextual de caracteres.

Para quem trabalha com editorial, as expressões regulares são ótimas ferramentas de automação. Imagine algo como uma busca mais avançada, em que ao invés de uma palavra inteira, você possa buscar padrões de caracteres — por exemplo, palavras iniciadas com a letra “h” com até 5 letras, qualquer coisa entre parênteses ou colchetes, ou tudo que pareça URL. É assim que o GREP funciona, por exemplo, no InDesign e no QuarkXPress, permitindo aplicar ações automáticas para esses padrões.
Finalizando o tópico de não-programação: HTML e CSS são dois acrônimos encontrados geralmente juntos e que, juntos, são tudo que você vê na Internet, incluindo esta newsletter. Entender como eles funcionam é importante até para quem cria modelos e experiências de interfaces digitais (mesmo que não codifique), ou quer começar a produzir e-books.

Agora falando de programação propriamente dita, encontramos o Python, a linguagem mais utilizada e recomendada para quem quer começar, e que você pode experimentar de várias maneiras. Pra quem trabalha com web, o framework django tem uma comunidade muito ativa que mantém ele sempre atualizado, responde dúvidas e produz conteúdo didático.
O Nodebox também tem esse intuito, mas se você ainda estiver inseguro em digitar linhas de código, a versão 3.0 te dá uma interface gráfica pronta para arrastar, soltar e ligar elementos para criar gráficos alimentados por dados e padrões que você pode experimentar livremente.
No design, pra quem usa o macOS, pode experimentar o Drawbot, um aplicativo pequeno que gera gráficos a partir de algoritmos. Pra quem já trabalha com type design, Python é a linguagem para escrever scripts e plug-ins do Glyphs e Robofont, que permitem um alto nível de automatização e refinamento de processos importantes da produção de fontes.

Uma coisa importante de notar é que dificilmente uma pessoa que começa a programar utiliza apenas uma ferramenta. Pelo contrário, elas possuem diversos recursos para serem usadas em conjunto (ex. Expressões Regulares num script de Python, uma arte no Nodebox alimentada por uma tabela CSV ou recursos OpenType funcionando por CSS), e é assim que conseguimos aproveitar o melhor delas. Ainda existem várias frentes que nem mencionei, como SQL para bancos de dados e C para componentes eletrônicos como Arduino, mas que têm uma grande documentação pra quem quiser seguir em frente.
Recomendações:
- 🎧 Podcast: Algoritmo G #2, um spin-off do podcast Mamilos sobre as mulheres no mercado de trabalho de tecnologia.
- 🎥 Vídeo: Creating an animated gif with Python in DrawBot, um tutorial simples para quem quer começar a utilizar o DrawBot.
- 🔗 Link: 5 Livros sobre Livros, o post da Academia Tipográfica sobre literatura recomendada para quem produz livros.
- 🇧🇷 Fonte brazuca: Nu Alfabet, de Rafael de Azevedo.
Escrito em 97199.16