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October 27, 2025

Porque o Hamas cedeu e o que isso significa?

Nos últimos dias, vimos que Israel e o Hamas chegaram a um acordo para acabar com a guerra na Faixa de Gaza.

Mas como isso aconteceu?

Existe a chance da criação de um estado palestino?

Para entender essa situação, algumas perguntas precisam ser feitas.

Por que o Hamas aceitou o acordo?

Você já se perguntou por que o Hamas abriu mão de sua maior alavanca de negociação, os reféns, sem a retirada total de Israel de Gaza?

Em um movimento que pegou muitos de surpresa, o Hamas aceitou a primeira fase do acordo de cessar-fogo, liberando reféns em troca de prisioneiros palestinos e uma pausa nos combates.

A pergunta central que paira no ar é: por que o grupo cedeu em um ponto que se recusou a negociar por anos?

Por que entregar a peça mais valiosa que possuíam, enfraquecendo drasticamente sua posição?

A resposta, reside em uma combinação de sucesso militar israelense e uma pressão geopolítica sem precedentes exercida pelos próprios aliados do Hamas.

Este não foi um ato de fraqueza, mas sim um cálculo estratégico forçado por uma nova realidade no campo de batalha e na diplomacia.

O primeiro e mais importante fator foi o sucesso militar substancial de Israel dentro de Gaza. 

Embora a vitória não fosse total (o Hamas ainda mantinha líderes e parte da infraestrutura de túneis), o avanço implacável das tropas israelenses estava encurralando o grupo.

O cerco e o avanço sobre Gaza colocaram o Hamas em uma situação de extrema vulnerabilidade, prestes a sofrer uma derrota militar completa.

A estrutura de comando estava sob ameaça de eliminação, e manter os reféns nesse cenário significava apenas o risco de perdê-los sem qualquer ganho político, culminando na destruição total do grupo.

Operações militares cirúrgicas enfraqueceram drasticamente o Hezbollah no Líbano, abalaram os Houthis e destruíram grande parte do arsenal militar na Síria. 

O próprio Irã sofreu um ataque devastador em seu programa nuclear e no coração da Guarda Revolucionária.

Este enfraquecimento do Eixo da Resistência deixou o Hamas sem o apoio externo que esperava.

Sem a ameaça de novas frentes de combate para desviar a atenção de Israel, o Hamas se viu isolado e com as costas contra a parede.

Pressão dos aliados árabes

O segundo pilar desta decisão foi a pressão direta e inegociável dos países árabes aliados.

Essa mudança de postura não é aleatória.

Ela é fruto de uma política externa americana, especialmente a adotada durante o governo Trump, que redefiniu o equilíbrio de poder na região.

O presidente Trump demonstrou estar disposto a romper alianças tradicionais e aplicar retaliações pesadas, o que forçou países como Egito, Arábia Saudita e Qatar a fazerem um cálculo estratégico diferente.

Eles perceberam que a lealdade e a parceria com os EUA poderiam render grandes incentivos econômicos e garantias de segurança, enquanto a resistência poderia gerar perdas catastróficas.

Egito e Turquia foram trazidos para a mesa de negociações, pressionando o Hamas através de suas fronteiras e influência.

Arábia Saudita e Emirados Árabes, detentores do capital necessário para a futura reconstrução de Gaza, exigiram uma postura mais pragmática.

O Qatar, que historicamente jogava um jogo duplo (abrigando a base americana e apoiando a Al Jazeera, pró-Hamas), foi decisivo.

Um ataque israelense anterior ao Qatar mudou a percepção da família governante, que entendeu que seu jogo duplo não era mais sustentável e que precisava se alinhar a uma postura mais firme, pressionando o Hamas a aceitar o acordo.

O Hamas aceitou o acordo não por ter vencido, mas sim por ter sido forçado a reconhecer que estava à beira da derrota militar e que seus aliados, sob forte pressão geopolítica, não iriam mais salvá-lo.

A libertação dos reféns tornou-se, assim, a única saída para garantir a sobrevivência de parte de sua liderança e negociar um futuro, ainda que incerto, para a Faixa de Gaza.

Será que o fim da guerra em Gaza finalmente abrirá as portas para a criação de um Estado Palestino legítimo e duradouro?

O debate sobre o futuro do conflito Israel x Palestina está mais acalorado do que nunca.

Com a possibilidade de acordos de paz, surge a pergunta inevitável: existe um caminho real para a solução de dois Estados?

A análise de alguns especialistas aponta para uma resposta complexa, mas com uma condição inegociável: a ausência do Hamas.

A principal tese levantada é clara: quem perde a guerra não dita as regras.

O Hamas pode insistir em manter suas armas, mas, na visão dos especialistas, Israel venceu o conflito e, portanto, definirá os termos de uma eventual saída de Gaza.

A única forma de se construir um lar nacional palestino, seja um Estado completo ou uma autonomia com restrições de segurança, é se o Hamas for completamente rejeitado pelo seu próprio povo.

Sem a violência e a liderança de grupos extremistas, torna-se muito mais fácil para o povo israelense eleger líderes dispostos a negociar uma paz justa e legítima.

Para que qualquer negociação avance, o conceito precisa ser estabelecido: a liderança palestina deve aceitar a legitimidade da existência de Israel como o lar nacional do povo judeu.

Isso não pode ser apenas um discurso para o ocidente.

Enquanto a narrativa de que "os judeus não são daqui" persistir, o caminho para a paz será bloqueado.

A mudança precisa ser profunda, abrangendo desde a diplomacia até a educação das crianças.

Apesar da esperança, há um forte ceticismo sobre a eficácia de qualquer acordo atual, especialmente em relação à troca de reféns por prisioneiros. Isso se deve aos seguintes fatores:

Ameaça de precedente: a negociação com um grupo que usa reféns como moeda de troca abre um precedente perigoso, reforçando o modus operandi de sequestros em futuros conflitos.

Governo tecnocrata:  a ideia de um governo tecnocrata para Gaza, indicado por um conselho de paz, levanta dúvidas sobre sua legitimidade perante o povo palestino e a falta de consenso entre os próprios países árabes.

Pressão política em Israel: o ministro Benjamin Netanyahu enfrenta forte pressão interna da direita ortodoxa, que se opõe à criação de um Estado Palestino e vê o acordo como uma humilhação.

E você, acredita que a paz é possível sob as condições atuais? 

A rejeição do Hamas é suficiente para pavimentar o caminho para um Estado Palestino?

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Até a próxima!

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