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July 18, 2023

Se fôssemos máquinas, onde estaria lirismo da vida?

Olá você,

Quase que essa edição da Não é Spam não chega. Fechando ela hoje às 7h. Nem revisei, viu? 📧

Não somos máquinas. Se fôssemos, teríamos talvez uma entrega 100%. E em tempos de produtividade performática, só a expectativa de ser assim já é valiosa.

Mas onde que entram as escolhas, gostos, personalidade, dias de ansiedade, demônios internos?

Somos todos feitos de muitas coisas. Traumas que estamos tentando superar, feridas para curar, sentimentos para entender. Seria mais fácil ser uma máquina?

Talvez. Porém, teria menos graça.
Eu sou a amiga emocionada do pé ao último fio de cabelo. Não adianta. Quero cor, quero lágrimas, quero sentimentos, quero debates, quero conversas. E nesse combinado, quero paz.

A gente trata nosso corpo e nossa mente como se fossem máquinas, mas até as máquinas precisam ser desligadas.

É no meio deste caos da vida adulta, em que nem sempre queremos viver todo esse turbilhão emocional e ainda pagar boletos, que aprendemos a nos priorizar, nos enxergar, a nos escolher, desligar pensamentos e não engajar com eles, acessar momentos de tranquilidade.

A entrevista de hoje tá longa, mas tá uma delícia. Se preparem para conhecer uma das "pessoas" da minha vida.

Nunca mais vai te faltar assunto no elevador...

Toda semana falo aqui de assuntos variados como trabalho, produtividade, descanso, feminilidade, lidernça. Tem também a entrevista ping-pong.

Essa news é um complemento (talvez um espaço mais extenso) do meu instagram @clubebadass.

Ping-pong ☕

Julia Giacomazzi (também conhecida como uma das minhas melhores amigas desde que me entendo por gente)

Resumidamente... A Giaco (apelido na infância) é minha amiga desde a 3a série mais ou menos. Crescemos juntas. E quando digo isso, não é no sentido literal de sair da infância, viver a adolescência e entrar na vida adulta.

A gente REALMENTE cresceu juntas. Evoluímos como seres humanos acompanhando de perto uma a outra. E o que eu mais gosto é: ainda assim, nos escolhemos como amigas para vida.

Julia para mim é fonte de inspiração e perseverança. Acho ela uma das pessoas mais inteligentes, sensatas e sensíveis que conheço e ter feito essa entrevista com ela foi uma delícia. No início, ela achou que não tinha nada a acrescentar, mas como me fez bem esse papo. Obrigada, amiga! <3

Formada em Direito, ela estudou durante muitos anos para concurso, conciliando com a vida de advogada.

No momento atual, enquanto aguarda ser chamada para um concurso que passou, trabalha como juíza leiga (para quem não sabe, ela fica responsável por conduzir as audiências, realizar acordos e elaborar o projeto de sentença que vai ser homologado nos juizados especiais), mas ela também está fazendo mestrado em Direito Público, que era algo que sempre quis fazer.

1) Vamos por partes. Conta um pouquinho como é sua profissão, o que te fez escolher ela e como você chegou onde está hoje. Basicamente sua trajetória.

Eu escolhi o direito meio que por eliminação. Sempre fui uma pessoa mais de humanas, mas não tenho advogado na família e isso dificulta porque não temos muita noção do meio. Quando entrei na faculdade pública, muitas pessoas queriam fazer concurso e eu queria trabalhar em escritório. Mas aí, nos meus estágios, eu olhava pros meus chefes e pensava: “não quero ter a vida que eles têm. Não gosto do que faço atualmente e as coisas que eles fazem não me parecem interessante”.

Quase no final da faculdade, eu estagiei em um órgão publico. E era tudo que eu queria. Percebi no início da faculdade que gostava mais do ramos do direito público, especialmente constitucional e administrativo. Me interessava por vários ramos do direito, mas neste estágio que fiz no órgão publico, me aproximou dessas áreas. Eu gosto muito da interação entre o Estado e os cidadãos. Eu gosto das regras que regem essas relações jurídicas.

Ainda assim, escolher pelo concurso não foi uma decisão fácil na época porque representava ficar um tempo estudando – na época achei que fossem ser 3 anos e foi muito mais – não sabia se poderia trabalhar. Seria priorizar o estudo e isso representava continuar dependendo dos meus pais e eu sempre sonhei em ser independente. Mas eu sabia que era isso.

O mercado de direito é bastante saturado. Muitas faculdades, muitos profissionais e de forma geral a iniciativa privada não oferece salários tão altos e trabalha-se muito. No setor público, a grande dificuldade é que os concursos públicos estão saturados e muito competitivos. Isso praticamente em qualquer concurso.

É difícil você perceber que vai levar muito tempo. Mas apesar dos muitos altos e baixos, mas eu tinha a convicção que seria o melhor caminho para mim.

Não queria de forma alguma ser frustrada na minha carreira e eu sei que a gente não é o que a gente faz, mas a gente passa muito tempo no trabalho e se dedicando ao trabalho e não queria que ele fosse uma grande fonte de frustração.

2) Você é uma pessoa de muitos afazeres. Como se organiza para não surtar? A tal pergunta: mas como você consegue?

A questão de querer abraçar o mundo e muitas vezes se responsabilizar por coisas demais é um problema bem atual e muitas pessoas passam por isso. Eu tenho muitos interesses – dentro e fora do Direito – e isso ás vezes dificulta porque você quer se dedicar a varias áreas da vida e a gente tem que entender que nosso tempo e energia são limitados e recursos muito preciosos. Temos que saber priorizar e dizer não. E são coisas muito desafiadoras. Muitas vezes, a gente tem dificuldade de priorizar, porque no final da lista, a gente sabe que terá que inevitavelmente fazer uma escolha pelos primeiros itens da lista. E toda escolha é uma perda, então, é uma coisa que temos que aceitar e internalizar. Muitas vezes quando a gente faz tudo ao mesmo tempo, e não temos capacidade para enfrentar todas as obrigações que a gente assumiu, alguma coisa vai ceder. Você fará a escolha, mas por uma via tortuosa. Então, é mais fácil fazer uma escolha de forma consciente.

Sou muito autocrítica e exigente comigo mesma e isso acaba fazendo com que eu fique frustrada no meu dia a dia porque não consigo me dedicar o quanto eu gostaria em todas as atividades. Fico achando que não tô fazendo um bom trabalho em nada.  Acho que isso é um grande desafio pra mim porque não tem como ser perfeito e excelente em tudo.

Mas você me pergunta como eu consigo? Eu não sei se consigo. Faço as escolhas já pensando no que eu vou entregar com o grau de qualidade para mim. Nem sempre dá, às vezes são momentos, fases e não tem o que fazer.

Um dia de cada vez. Não dá para entrar na armadilha de assumir várias atividades e ainda querer ser excelentes em todas elas.


3) Você estudou para concurso por muitos anos e a pressão é muito grande. Como foi lidar com isso?

Sim, a pressão em concurso é muito grande. Pressão nossa (interna) e dos outros. Há uma expectativa das pessoas que você passe logo, especialmente quem não é do meio e acha que é algo que se resolve logo. No meu caso, a grande dificuldade eram os altos e baixos, porque você precisa lidar com incerteza o tempo todo.

Você precisa ter esperança de que você vai passar e vai dar certo, que seu estudo vai dar resultado, porque senão você não continua estudando. Quando sai um edital, você se anima, cria uma esperança e dessa forma, você ganha um gás porque naquele momento você tem um norte. Você faz a prova com essa pressão, expectativa e investimento emocional... aí sai o resultado e você descobre que não passou, mas você precisa levantar e sacudir a poeira.

Ainda me sinto me recuperando desse período. Até porque é um tipo de estudo específico, estratégico, direcionado para concurso. E para quem é ansioso e tem necessidade de controlar tudo, é difícil.

Você acaba um pouco focado demais em resultado e você não foca tanto no processo. O processo era algo que eu fazia para chegar no meu fim, mas hoje em dia tô tentando aproveitar o processo.

Atualmente, com o mestrado, por exemplo, apesar da carga de leitura ser muito alta, o estudo é muito mais interessante e é menos centrado numa avaliação final. Tem sido terapêutico executar o foco no processo.

4) Como você descansa a cabeça?

Eu descobri faz algum tempo que praticar yoga me faz muito bem. Eu gosto de espalhar a palavra da yoga para todo mundo.

A prática constante de yoga me ajudou em momentos muito difíceis. Me ajudou a manter a sanidade. Além disso, a meditação ajuda um pouco a desacelerar o pensamento. Parar um pouco.

A gente trata nosso corpo e nossa mente como se fossem máquinas, mas até as máquinas precisam ser desligadas. A meditação ajuda neste processo de desligar pensamentos e não engajar com eles. Acessar momentos de tranquilidade.

Além disso, gosto de ver série e filme e vejo de tudo. Quando tô muito cansada, opto por algo que não me exige muito porque aí posso assistir de forma passiva.

E por fim, eu gosto muito de ler ficção. Sigo muitos bookgrammers. E lia bastante na época de concurso, tava semore com um livro porque me ajudava muito.

Geradores de assunto no elevador 🧊

  • Em homenagem a Julia, vamos de livros hoje. Fiquem com dois episódios de Bom dia, Obvious com a SUPER Carla Madeira.

  • Tudo é Rio

  • Véspera

Para refletir 🧠

  • Como você hoje ressignifica seus dias para sair da armadilha da produtividade e viver momentos de verdadeira desconexão?

  • Cada um lê um livro. Frase de Carla Madeira para descrever a experiência única de leitura que cada um tem, porque nossas interpretações passam pelas nossas vivências.

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