O pequenos momentos gigantes
Olá você,
Chegamos a 10a edição da Não é Spam. 📧
Esses dias estava pensando sobre algumas séries e livros que li. O enredo não era algo disruptivo. A história simplesmente acontecia com o desenrolar de fatos do dia a dia.
Sei que a gente não se acostumou com isso. As narrativas precisam ter começo, clímax e fim - ou um desfecho. Preferencialmente, bonitinho, porque de desgraça já basta os BOs do dia a dia.
Mas tenho reparado de uns tempos para cá que há séries e livros sobre o "normal". Segundo a autora do livro "É Assim que Começa", SUCESSO de vendas, ela decidiu fazer a continuação porque queria mostrar os personagens felizes.
É sobre isso. Ninguém é feliz somente no desfecho. São momentos. É construção. É dia a dia. Sabe aqueles dias que você respira fundo e pensa: caraca, tô muito feliz agora?
Ás vezes é numa viagem de fim de semana para Chapada; às vezes é tomando um café no meio da tarde; um vinho gostoso no jantar; parando para terminar o episódio de uma série; às vezes é tomando a decisão de procurar um amigo; talvez uma reunião produtiva no trabalho; um homeoffice diferente na semana.
Não tem fórmula para ser feliz. O que muda é a nossa auto observação para esses momentos "pequenos". Cara, como eles são GIGANTES.
Parece clichê ou até mesmo papo de positividade tóxica, mas não é mesmo.
Pode ser trabalhoso se abrir desta forma para a vida, mas é gratificante demais poder ter momentos de felicidade de segunda a segunda; poder viver prazeres da vida adulta sem planejar; sem se estressar. Simplesmente ter.
Nunca mais vai te faltar assunto no elevador...
Toda semana falo aqui de assuntos variados como trabalho, produtividade, descanso, feminilidade, liderança. Tem também a entrevista ping-pong.
Essa news é um complemento (talvez um espaço mais extenso) do meu instagram @clubebadass.
Ping-pong ☕
A entrevista de hoje é com a Luiza Malaguti.
Decidi convidar uma das minhas Gen Z (geração de pessoas nascidas entre 1990 e 2010) favoritas para a entrevista de hoje. Por quê?
A Geração Z é conhecida por ser avessa ao padrão excessivo de trabalho dos millennials. Há um descolamento maior sobre o que é trabalho, porque escolher determinado trabalho, etc.
E eu e Lu sempre conversamos muito sobre isso. Lu foi minha estagiária e agora está ao meu lado no meu novo desafio profissional. Além de sermos muito parecidas (a gente se veste igual, tem várias manias parecidas, etc), nascemos no mesmo dia. Como que o Universo ia ignorar essa sintonia escorpiana? Não tem como.
E por trabalharmos juntas, estamos também crescendo juntas. Admiração é o que não falta por aqui!
Posso dizer com toda certeza que aprendo demais com a Luiza, especialmente porque vejo nela o mesmo brilho no olhar que via em mim há uma década - e honestamente, ainda vejo. É muito bom estar cercada de pessoas assim. É o tal do momento gigante que acontece no dia a dia ;)
1) Conta um pouquinho antes como é sua profissão, o que te fez escolher ela e como você chegou onde está hoje. Basicamente sua trajetória. Queria que você contasse um pouco também sobre a sua escolha de ir pra fora.
Eu me esforcei muito pra passar no vestibular porque cursar Jornalismo era o meu sonho. De última hora, meses antes de terminar o colégio, decidi tentar Comunicação Organizacional (Comorg) na Universidade de Brasília (UnB). Foi uma decisão tomada muito por medo. Conversei com uma pessoa que cursava Jornalismo, outra que já tinha se formado, com um professor...E diziam que o cenário do mercado de trabalho de Jornalismo não era lá aquelas coisas, que Comorg abriria mais portas. De fato, Comorg é um curso mais abrangente, então acabam tendo mais oportunidades de trabalho já que são várias possibilidades de atuação. E com 17, 18 anos é raro a gente ter aquela autoconfiança pra bater no peito e falar: "não, eu amo isso aqui, e se eu me dedicar sei que vou conseguir construir uma carreira massa". Então fui por Comorg porque era a opção mais "segura". Hoje, com mais maturidade, penso que teria escolhido diferente, mas também não sei se isso me permitiria ter tido as mesmas experiências profissionais que tive até agora. Minha trajetória profissional é recente, mas tendo contato com várias áreas, já entendo o que eu amo e o que eu não gosto de jeito nenhum. Comecei trabalhando com redes sociais, depois fui pro meu primeiro estágio, em Comunicação Interna, mas que tinha bastante de jornalismo, depois um segundo em Comunicação Interna também, com uma pegada mais publicitária, e agora, pela primeira vez fora do escopo de um estágio, tenho contato com redes, planejamento, estratégia, com a parte visual, muita criação...E tem sido tudo estimulante demais. Ainda tenho jornalismo como algo que faz meu coração bater mais rápido, mas tô aprendendo que também gosto muito e me vejo seguindo uma carreira em outros campos da comunicação.
2) Como você enxerga a sua escolha profissional? Entende que faz o seu trabalho com propósito?
Eu não escolheria outra coisa se não Comunicação. Lembro quando eu tinha uns 11 anos e aprendi a criar um blog. Descobri como usava html, criei minha "identidade visual", minhas editorias, sem nem saber o que era tudo isso. Desde aquela época eu já amava moda, então falava muito sobre isso, escrevia minhas próprias histórias também, indicava livros, filmes...Claro que eu não sabia direito do que tava falando, e provavelmente ninguém lia o que eu postava, mas eu vibrava fazendo aquilo. Então, acho que pra além de trabalhar alinhada com um propósito, sou muito guiada pela paixão. E eu também tive a sorte de começar minha vida profissional em um lugar que eu amava, com pessoas e profissionais admiráveis que me mostraram o que era de fato trabalhar com um propósito. Tive exemplos logo de cara do tipo de profissional que eu queria ser, e eu gostava demais de viver aquilo. Não entendia quando algum amigo comentava que não gostava do trabalho. Depois, vivi outras experiências onde não sentia esse mesmo vínculo, mas que me fizeram olhar pra trás e perceber que não consigo ficar satisfeita profissionalmente se eu não tiver um propósito por trás do que tô fazendo.
3) A Gen Z é conhecida por ter um "descolamento" maior com a questão profissional. Como se vocês conseguissem dividir melhor o que vocês são do que vocês fazem. Como é isso para você?
Nossa geração fala muito de bem estar, saúde mental e autocuidado. Acho que nossa relação com o trabalho vem muito daí, de tentar achar um equilíbrio entre os baby boomers, que trabalhavam no "automático" porque antes dos 30 tinham que comprar uma casa e sustentar a família, e os millennials, que cresceram com séries tipo Sex and the City naquela super romantização do trabalho, da carreira e do ser workaholic.
A Gen Z entende que trabalho não pode ser tudo, assim como um relacionamento, um hobbie.
Acho que pra gente a questão é encontrar um lugar que nos permite viver de bem com a vida, e é muito individual se isso vai acontecer porque você tá trabalhando num lugar em que a grana te viabiliza um tempo livre de qualidade, ou se é porque tá em busca da carreira dos sonhos e seguindo sua paixão.
Tenho alguns amigos que seguiram o que gostam e outros que foram mais pelo lado financeiro, e sabem lidar com isso. Eu não consigo. O trabalho já foi, incontáveis vezes, minha fuga da vida pessoal. E tem sido um processo pensar nesse equilíbrio necessário. Tive uma fase em que trabalhei em um lugar que não consegui me adaptar, e foi difícil pra mim. Muito por amar demais o que eu faço. Eu não conseguia me envolver, me dedicar e entregar as coisas com a qualidade que queria. Perdi o meu propósito, e virou uma coisa automática. Eu não conseguia separar isso da minha vida pessoal.
Não gostar do meu trabalho me afetava negativamente em outras áreas da vida também. Hoje em dia sou apaixonada pelo meu trabalho mais do que nunca, mas tenho tentado pensar que sou o que faço, mas também sou muitas outras coisas. No sentido de que o trabalho me completa, assim como todo o resto das pessoas, dos hobbies e dos hábitos que eu gosto de ter na minha vida.
4) Como você associa trabalho e saúde mental?
Acho que a resposta pra essa pergunta tá muito atrelada a resposta da anterior. Pra mim, trabalhar com pessoas que eu gosto e naquilo que me traz prazer é um ato de cuidado com a minha saúde mental. Mas por gostar muito do que eu faço, vivo tendo que me impor limites pra não trabalhar demais, por exemplo. Ou pra não pensar o tempo todo no trabalho, me envolver mais do que o necessário, me afetar além do que preciso caso algo não dê certo... Levo o que eu faço muito a sério, mas às vezes preciso me lembrar que nada é tão decisivo assim. Claro, isso não significa agir com negligência, mas sim que se eu me dedicar e me comprometer bastante mas mesmo assim cometer algum deslize no caminho, isso não vai ser o fim do mundo, vou poder aprender com isso. Ainda sou muito nova e, e muito ainda é uma descoberta. Então. não cobrar excessivamente de mim e aproveitar as oportunidades que tenho têm sido um pensamento constante em relação ao trabalho saudável.
Tento aplicar isso em outras áreas da vida também. Vejo meu desenvolvimento profissional muito atrelado ao meu desenvolvimento pessoal. Mas acho todo esse processo de reconhecer o que faço que não me faz bem e tentar descobrir como eu posso mudar esse padrão é muito incrível.
5) Como você enxerga essa questão de se "entregar" ao trabalho? Quando vale a pena e quando não vale?
Meu desafio é não me entregar demais, porque pra mim acontece de forma natural, sem eu nem perceber. Tenho a ideia de que sou muito nova e tenho portas muito abertas pra mim no sentido profissional, então quero aproveitar e me doar pra isso o máximo possível. Acredito que vale a pena pra carreira que penso querer construir e porque quero sempre entregar o melhor que eu tenho. Mas disso pra autocobrança em excesso, pro perfeccionismo e pro fenômeno da impostora, é um pulo. Então penso que vale a pena até o momento que isso começa a influenciar no tempo que tenho pra dedicar a mim mesma e a minha minha saúde física e mental e aos meus relacionamentos com minha família, meu namorado e meus amigos.
Tem sido um outro processo reconhecer esse limite. É um pensamento super recente, mesmo. Eu amo o O Diabo Veste Prada e vejo desde criança, e depois de anos revi ele outra vez nesse final de semana, com uma perspectiva super diferente da que eu tinha. A gente não pode se entregar tanto ao trabalho a ponto de deixar outras áreas tão importantes da vida de lado. E mais uma vez, a questão do equilíbrio...
Eu acho muito gratificante poder passar o dia trabalhando com aquilo que eu amo, acompanhada de pessoas incríveis e vendo resultados que fazem diferença na vida ou no projeto de alguém, mas tenho, aos poucos, me limitado a não deixar que isso influencie no tempo que eu gosto de separar pra correr de manhã, ou pra almoçar com a minha família, por exemplo, porque essas coisas também são muito gratificantes pra mim.
Penso que se eu pesar só pra um lado, e nesse caso, falando do trabalho, talvez até alcance as coisas mais rápido, mas lá na frente vou me arrepender de ter aberto mão de um momento a mais com os meus pais, de ter brincado mais com o meu cachorro ou de ter ido me exercitar só porque me faz muito bem.
6) O que te inspira profissionalmente?
Demorei um pouco pra pensar nessa, porque na verdade são algumas pessoas que me inspiram. Mas o que une todas é o fato de acreditarem em suas ideias, motivarem as pessoas que tão ao redor delas, se dedicarem tanto e trabalharem com paixão.
O amor que sinto pelo o que eu faço também me inspira muito. Quero sempre aprender tudo que eu posso, seguir os passos e orgulhar quem eu admiro e quem tanto me ensina e acredita em mim. Me inspira pensar que, um dia, também posso chegar nesse lugar e passar tudo que eu aprendi com essas pessoas tão incríveis pra frente.
Geradores de assunto no elevador 🧊
Queria indicar algo profundo para vocês, mas hoje a dica de podcast é política: Collor x Collor da Globoplay. Apenas amando!
Para refletir 🧠
Outro dia, postei um incenso e disse que odiava quando minha mãe acendia incenso quando eu era pequena e hoje faz parte dos meus rituais matinais. Uma amiga me respondeu: aceite, inevitavelmente, nós viramos nossas mães.
Freud explica? hahaha