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June 20, 2023

Nos tornando mais conscientes

Olá você,

Chegou mais uma edição da Não é Spam. Atrasada sim, pois ainda estou me adaptando com essa ferramenta de envio. :(

Você já parou para pensar que até mesmo quando a gente tá expondo vulnerabilidade, a gente já divide ela de forma meio elaborada?

Ouvi essa frase num podcast e concordo bastante. A real é que a gente "digere" nossas vulnerabilidades e quando dividimos, o que antes era vulnerabilidade crua já está revestida com algum adereço socialmente aceito.

Vou te dar um exemplo. Em meados de abril, fui demitida. Essa foi a segunda vez em mais de 10 anos de profissão que isso aconteceu. As duas vezes foram por estar em cargos mais políticos em que mudanças externas influenciavam diretamente a minha vida.

Para todos com quem eu conversava sobre isso, eu meio que dourei a pílula e falava de forma genérica, como se eu tivesse saído e não fui saída.

A gente passa a vida ouvindo que não deve falar que foi demitida ou que está desempregada e sim que está tocando outros projetos ou entre oportunidades.

A verdade é que ser demitida dói. A dor faz parte. É um processo de luto porque você não queria necessariamente sair. É imposto a você. Eu me senti freada.

E a vida adulta tem dessas coisas né? Aquele sentimento de fracasso quando algo sai do script entendido por nós como sucesso. E isso nos envergonha.

A vergonha é uma consequência social. Assim como a culpa!

Não é minha responsabilidade. Não fiz absolutamente nada que me traga desconforto. Muito pelo contrário. Sai sabendo que a demissão não teve nada a ver com competência.

E sejamos honestas, ser mulher e competente ainda incomoda em vários espaços.

Já se passaram quase 3 meses, então, estou bem, aceitei o fato e segui em frente como fiz em todas as outras vezes na minha vida que algo "diferente do planejado" aconteceu. Porque a verdade é que TUDO acontece no tempo que precisa acontecer. Essa é uma certeza que carrego firme comigo.

A gente não precisa ter vergonha de falar dos intervalos da vida. Usar nome de adulto mesmo. Sem dourar a pílula.

A ressignificação é um processo necessário e super digno. Afinal, como podemos humanizar o conteúdo digital e também estarmos vulneráveis se ainda usamos tantos filtros na hora de contar os perrengues da vida?

A Brené Brown tem uma frase certeira no livro dela "A coragem de ser imperfeito". Ela diz que a gente espera vulnerabilidade dos outros na relação, mas a gente mesmo não suporta estar vulnerável.

Todos usamos máscaras. Todos usamos muletas sociais. E isso precisa acabar ou precisamos pelo menos nos tornar mais conscientes destes processos.

Nunca mais vai te faltar assunto no elevador...

Toda semana quero trazer para cá assuntos variados como trabalho, produtividade, descanso. Tem também a entrevista ping-pong.

Essa news é um complemento (talvez um espaço mais extenso) do meu instagram @clubebadass.

Ping-pong ☕

Lorena Carvalho, cientista. (@lorenacschaves)

Resumidamente... A Lorena é foda. Ela é mãe, cientista e ama incondicionalmente as duas coisas.

Graduada em Biomedicina, ela entendeu logo no começo do curso que sua subárea seria a pesquisa. Assim, fez Mestrado em Patologia molecular e Doutorado em Biologia molecular. Trabalha com virologia e é especialista no assunto, atuando atualmente como cientista associada da universidade Emory em Atlanta, nos EUA.

Espero que gostem :)

1) Quando você escolheu a sua profissão, foi por amor? Você lembra de como foi esse momento de escolha?

Quando eu iniciei a graduação em Biomedicina, eu consegui um estágio na EMBRAPA logo no segundo semestre da graduação. Eu lembro que essa experiência foi fundamental para que eu entendesse que eu gostava mesmo da área de pesquisa científica e focasse, desde muito cedo, no que eu queria. Eu lembro que no fim do curso, muitas pessoas não sabiam quais seriam os seus próximos passos e eu já estava esperando a data da prova de mestrado com tudo encaminhado. Portanto, eu tenho certeza que no meu caso foi por amor, eu sou muito feliz com a minha escolha.


2) O que mudou na forma como você se enxerga profissional depois da maternidade?

Tudo! Eu amo a minha profissão e amo o meu filho, conciliar a maternidade e o mundo científico é sempre um desafio.

Eu tenho uma profissão de alto rendimento que nem sempre entende as demandas de uma criança pequena.

O meu filho é a minha prioridade, sempre será, mas eu sei que não serei completamente feliz se eu desistir da Lorena cientista, então eu tento ao máximo alimentar os meus dois lados (mãe e cientista) para eu tenha um equilíbrio saudável. Mas, de fato, depois que eu fui mãe, eu tenho hora para entrar e é hora para sair do trabalho, coisa que não acontecia antes, o meu foco agora está dividido.


3) Dentro do campo profissional, dizem que a gente pode escolher um trabalho (que tem um propósito) ou um emprego (para pagar as contas). Como você enxerga o seu lugar profissional no meio disso?

Eu sempre vi a minha profissão como um propósito de vida, aliás esse propósito me estimula diariamente. Por sorte, eu consigo pagar as contas fazendo o que eu gosto, mas com a vida adulta eu entendi que não é assim para a maioria das pessoas. A gente só fala do que vive e por isso o meu conselho, baseado nas minhas experiências, é que devemos procurar algo que a gente goste e tentar ganhar dinheiro com isso, porque ninguém trabalha somente por amor.


4) Você sempre foi feliz com a sua escolha profissional?

Sim, no meu caso eu sempre fui. Obviamente eu tive percalços durante a minha trajetória, nem sempre as coisas saíram como eu queria, mas gostar do que eu faço sempre foi o segredo para que eu não desistisse.


5) Como lida com os dias em que você não está tão feliz no trabalho?

Eu me permito viver esse dia. Eu faço o que eu tenho que fazer, finalizo as minhas obrigações inadiáveis e vou para casa tentar dormir para que no outro dia eu esteja mais animada. Não é todo dia que o meu lado profissional está perfeito, somos humanos e precisamos aceitar as dificuldades da vida adulta sem cobrança.

6) Como você descansa?

Eu não abro mão do meu tempo em casa e com a minha família. O meu lado profissional só funciona bem se eu tiver tempo de qualidade com meu filho, marido e comigo mesma. Então, quando eu saio do trabalho, eu tento me desligar dele completamente (sempre que possível, claro) e brincar com o meu filho, ver séries na tv, fazer uma caminhada, planejar as férias em família ou simplesmente deitar na cama e ler um livro. São essas pequenas coisas que eu não abro mão para ter qualidade de vida dentro de uma rotina de trabalho tão puxada quanto a minha. É necessário entender as suas necessidades, isso significa saúde e rendimento dentro e fora do trabalho. 

Geradores de assunto no elevador 🧊

  • Episódio maravilhoso do Bom dia, Obvious com a psicanalista e escritora Ana Suy (estou levemente obcecada com essa mulher!)

  • Dicas para começar a meditar com essa matéria da Vox.

  • 1o episódio do podcast A Silenciosa, do Chico Felitti. É uma cocriação com a Phizer, mas já estou enganchada.

Para refletir 🧠

  • As redes sociais parecem um cardápio de neuroses... concordam?

  • Com a correria da vida adulta, o que você mais sente falta hoje em dia?

  • Você valoriza os pequenos momentos?

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