não quero viver no automático das relações
Olá você,
Chegou mais uma edição da Não é Spam.
Uma história que passei a me contar depois que fui mãe era de que eu não faria mais amizades na vida adulta. Imagina se eu, uma pessoa que já era completamente sem tempo, viciada em trabalho, como mãe de uma criança atualmente de 5 anos, amando estar em casa e ver série, ia conseguir ter mais amigos?
Difícil né? Mas eu me surpreendi. Pessoas mais novas, pessoas mais velhas, pessoas da minha idade. Pessoas que saíram da minha vida e voltaram, pessoas que permaneceram e amizades antigas que se fortaleceram.
Dizem que na minha adulta se temos 5 amigos próximos é muito. Então, temos sim que dar valor aos que estão com a gente e cultivá-los com o mesmo carinho que cultivamos outras relações afetivas.
Hoje, eu me programo para buscar mais momentos com os meus amigos. Não quero essas relações só se alimentando do meu automático.
Talvez não sejam tantos quanto eu gostaria, mas são preciosos. Saio sempre me sentindo preenchida, amada, ouvida.
Compartilhar a vida é gostoso demais!
Ter amigos é ter rede de apoio, é ter companhia para almoçar, é trocar ideia sem julgamento no whatsapp. São tantos momentos em que me sinto grata, honestamente.
A verdade é que a vida adulta me fez perder amigos (duas mudanças de cidade, a maternidade, as atribuições do dia a dia, o descompasso com quem era e com quem me tornei). E isso é ruim, claro.
Mas já percebi que permanece quem faz sentido. A gente muda demais ao longo do tempo e nem todos os amigos vão permanecer, é um movimento natural. E quem fica, fica. Sabe?
Eu tenho os meus e espero que você aí do outro lado tenha os seus, porque tem dias que só eles nos salvam. <3
Nunca mais vai te faltar assunto no elevador...
Toda semana falo aqui de assuntos variados como trabalho, produtividade, descanso, feminilidade, liderança. Tem também a entrevista ping-pong.
Essa news é um complemento (talvez um espaço mais extenso) do meu instagram @clubebadass.
Ping-pong ☕
A entrevista de hoje é com a Alê Cavendish, co-fundadora e sócia da Avocado, escritório de design e consultoria criativa em Brasília.
Uma entrevista sincerona e bem gostosa. Alê traz paixão, dúvidas e uma eterna busca. Tudo isso que faz de nós adultos, né? Boa leitura :D
Para mim, uma das conversas mais impactantes até hoje na news!
1) Conta um pouquinho antes como é sua profissão, o que te fez escolher ela e como você chegou onde está hoje. Basicamente sua trajetória.
Hoje eu falo com muita tranquilidade que nunca sonhei em ser empreendedora e muito menos em trabalhar com design. Me formei em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e fui entrando cada vez mais no universo do Planejamento, uma área que oferecia pouca oportunidade no mercado.
Trabalhei em Empresa Junior durante praticamente toda a minha temporada na Universidade de Brasília (UnB) e lá tive a oportunidade de experimentar um lado prático do mercado que até então era totalmente desconhecido por mim. Fui Presidente por 1 ano e essa foi a minha primeira experiência gerenciando pessoas. Traumática, eu diria, mas um tanto necessária.
Durante a minha formação, fiz curso de muita coisa aleatória porque sempre tive interesses múltiplos e muita curiosidade, o que me deixava absurdamente angustiada porque a "escolha de uma profissão", em 2012 (outros tempos), significava, pra mim, focar em uma coisa e abrir mão de tudo que não estivesse dentro desse escopo.
Estudei moda em NYC, Planejamento Estratégico de Marca em SF e quando voltei de uma pequena temporada fora, fui convidada pela minha ex-sócia e antiga colega de empresa júnior para tocar a operação da Avocado, que naquela época era ainda um estúdio.
De 2013 até então, cá estou eu. Pequenas e grandes coisas, no "andar do bêbado", me fizeram chegar até aqui, continuar, assumir e abraçar essa profissão. Fizemos muita coisa, testamos muita coisa, erramos pra caramba, mas realizamos feitos fora da curva pra duas pessoas com pouquíssima experiência de gestão. Desde 2017 sigo carreira solo na liderança do escritório e hoje, com mais maturidade (e idade), entendo que virei líder, empreendedora, estrategista, designer e gestora enquanto eu virava adulta. Olhando pra isso você já consegue imaginar como foram meus últimos 10 anos, né? Rs.
2) Um dos principais debates sobre trabalho é: dizem que a gente pode escolher um trabalho (que tem um propósito) ou um emprego (para pagar as contas). Como você enxerga o seu lugar profissional no meio disso?
Eu honestamente acho que existe um espaço onde as duas coisas se encontram, de forma menos romantizada e mais realista. Escolher o que queremos fazer é um puta de um privilégio e a partir daí partimos da premissa de que temos que escolher algo que a gente ame fazer.
Demorei quase 10 anos pra entender que muito do que as pessoas admiravam no meu trabalho era exatamente o que mais me machucava. Essa dedicação excessiva e quase obsessiva a uma profissão cobra um preço alto no final e é mesmo difícil enxergar quando estamos lá dentro, sendo sugados por tudo e por todos.
Hoje, depois de 2 anos questionando os meus últimos 8, percebo que não existe propósito que se sustente se todas as outras variáveis estiverem fora de sintonia. Eu acredito que antes de ter um propósito voltado para o trabalho, precisamos urgentemente estabelecer um compromisso com nós mesmos. E é esse compromisso, que passa pelo lugar que queremos ocupar no mundo, que nos guia nessa jornada de escolher uma profissão, se dedicar a ela e adicionar um tanto da nossa visão ao que executamos diariamente.
Hoje entendo que o meu trabalho é uma das formas de expressar o que eu penso, mas que ele não pode, em hipótese alguma, ser maior do que eu, indivíduo.
3) Entendo que este ano parece que você fez alguma mudança de carreira ou de foco. Como foi esse processo?
Sabe isso tudo que eu disse aí em cima que construí nos últimos 10 anos? Há 2 anos atrás, com muita demanda rodando, com fila de espera pra trabalhar com a gente e com uma expectativa belíssima de faturamento, eu decidi encerrar. Dei uma pausa nas operações, me dediquei a um outro braço do nosso negócio e mergulhei em um processo doloroso e caótico de entender porque nada mais daquilo fazia sentido pra mim.
Foram 2 anos de um misto de busca e negação e no início de 2023, depois de começar um novo processo terapêutico, comecei a finalmente encaixar as pecinhas do quebra-cabeça e entender que o que eu vinha fazendo nos últimos anos estava em total dissonância com o que eu acreditava, sentia e queria pra mim e pro mundo.
O design gráfico nunca foi a minha realização, pelo contrário, sempre foi o meu calcanhar de aquiles. E olha, sei que essa frase vai causar um alvoroço porque nunca foi dita por mim, publicamente. Pra mim, esse discurso de que as marcas vão transformar o mundo é uma grande fantasia. E ao mesmo tempo, essa narrativa de marcas lindas que agregam beleza ao nosso cotidiano, pra mim, não é suficiente.
Eu me interesso pelas pessoas, pela história que elas tem pra me contar, pelas suas angústias, dores, indecisões. Eu quero ser parte desse processo de pegar uma ideia, que até certo momento é uma coisa totalmente invisível, um incômodo sensível, e trazê-la pro mundo com concretude, com senso crítico apurado e com relevância para o cliente. Demorei pra aceitar que a minha vaidade não vem de fazer as melhores apresentações ou escolhas estéticas, mas sim de ter a capacidade de ouvir e entender o cliente, de verdade, com o coração e com todo o meu interesse. Pra mim, sempre foi mais sobre o processo.
E ao entender tudo isso, decidi voltar a tocar o escritório. Ainda estou no difícil processo de materializar essa visão no cotidiano da operação, mas no caminho para construir algo que pra mim é, modéstia à parte, sem precedentes nesse mercado criativo.
4) Como você enxerga essa nossa cobrança adulta por sermos os melhores, querermos abraçar o mundo e estar sempre produzindo? Como você lida com isso também?
É difícil pra caramba, mas só comecei a estabelecer uma relação mais saudável quando decidi mergulhar profundamente para encontrar os meus valores. Quando a gente entende o que é importante pra nós, muita coisa cai por terra. E mais do que isso, quando entendemos, lá no fundo, de verdade mesmo, que o tempo é o nosso maior ativo, a nossa visão de mundo muda por completo.
Pra mim, o grande segredo é saber pra onde voltar. Estamos totalmente expostos a comportamentos e opiniões diferentes que constantemente nos geram insegurança, mas quando temos a consciência dos gatilhos e sabemos o caminho de volta, tudo fica mais leve.
5) Por fim, como você descansa a cabeça?
Essa foi, disparada, a pergunta mais difícil dessa entrevista.
Sigo nessa busca, mas hoje eu diria que o que mais me descansa é correr e assistir série. E eu sei que me descansa porque são momentos em que eu esqueço completamente do trabalho, dos problemas e das imensas listas de tarefa.
Estou numa fase TED LASSO, devorando todos os episódios, me sentindo mega inspirada por ele e chorando com cada acontecimento.
Geradores de assunto no elevador 🧊
Esse episódio do Bom Dia, Obvious está especial e nos propõe reflexões importantes sobre bem-estar e saúde mental.
Amo as previsões da @soududar no Instagram.
Para refletir 🧠
Qual importância você atribui para suas relações de amizade?