Me orgulho de mim
Olá você,
Chegou mais uma edição da Não é Spam.
Confesso que quando alguém fala sobre a minha energia ser muito ligada ao trabalho, eu ainda me orgulho. É tão difícil a gente falar da gente com essa ótica, né?
Eu sei que preciso equilibrar melhor as coisas, especialmente porque sou mãe também. Mas esse assunto não é um sofrimento para mim. Eu vou achando as respostas conforme vou vivendo e sem grandes cobranças. Eu me orgulho de quem sou e de quem me tornei, especialmente porque eu sei o quanto batalhei.
Minha skin corporativa é uma das minhas partes em que mais me sinto eu. Quase que 100% das vezes. Me sinto feliz, realizada, determinada, engajada, animada.
Claro que também tenho meus dias ruins, mas acho que hoje consigo lidar melhor com eles hoje em dia e diluir as responsabilidades para que a entrega não seja comprometida pela energia caótica daquele dia. Acontece com todo mundo.
Mas nem sempre eu tive essa autoconfiança em mim e no meu trabalho. Este certamente é um dos processos mais longos e trabalhosos da minha vida. Florescer é difícil.
Nós mulheres não podemos relaxar, não podemos descansar, não podemos hesitar. A sensação é que temos que estar sempre prontas para guerra. Na rotina com machos tóxicos, assediadores, chefes abusivos ou simplesmente matando um leão por dia na realidade que é ser mulher e se sentir na obrigação de dar conta de tudo. Não é pra menos que fomos tema da redação do Enem2023.
Hoje eu quero te dizer, mulher, que não fica mais fácil. A gente fica mais consciente da importância de pedir ajuda, de estender a mão para outras mulheres, de compartilhar vivências e de nos fortalecermos umas nas outras.
Nunca mais vai te faltar assunto no elevador...
Toda semana falo aqui de assuntos variados como trabalho, produtividade, descanso, feminilidade, liderança. Tem também a entrevista ping-pong.
Essa news é um complemento (talvez um espaço mais extenso) do meu instagram @clubebadass.
Ping-pong ☕
A conversa de hoje é com a Bel (@belevelin). Colega de profissão, Bel se formou em Jornalismo, mas optou por seguir seu coração e foi trabalhar com beleza há 10 anos.
Dentre o que acredita ser o seu propósito, Bel pontua a escuta ativa. E realmente: já foram tantas e tantas trocas sobre trabalho, sonhos e caminhos da vida enquanto ela fazia minha sobrancelha. Às vezes, nós mulheres estamos correndo de um lado pro outro, mas só o que a gente precisa é de alguém que realmente escute e nos entenda. :D
É muito bonito compartilhar aqui histórias de mulheres que se buscam todos os dias. Para se entenderem melhor, para crescerem, etc. Crescer dói, mas vale a pena!
1) Conta um pouquinho antes como é sua profissão, o que te fez escolher ela e como você chegou onde está hoje. Basicamente sua trajetória.
Eu sou maquiadora e estou na área efetivamente há 10 anos. Em 2011, com 21 anos concluí meu curso de Comunicação Social, Jornalismo, mas o meu coração sempre foi da área da beleza. Foi após o término da faculdade que eu me dei conta sobre a possibilidade de estudar sobre Maquiagem e trabalhar na área.
Eu não fazia ideia sobre aonde essa vontade de mexer com pincéis me levaria, apenas me sentia frustrada por ter feito uma graduação da qual não me orgulhava porque não me via trabalhando e amando o curso como alguns colegas o faziam.
Hoje, aos 34 anos já visualizo de uma forma diferente tudo aquilo que aconteceu. Me vejo uma comunicadora e que também trabalha na área da beleza. O leque de opção é imenso e eu posso ser tudo o que eu quiser, afinal me comunico com muitas pessoas há anos, seja nas redes sociais, seja pessoalmente. Acredito que minha função nesse mundo é a de estar perto das pessoas e as servindo de alguma forma, sempre oferecendo uma escuta com atenção.
2) Um dos principais debates sobre trabalho é: dizem que a gente pode escolher um trabalho (que tem um propósito) ou um emprego (para pagar as contas). Como você enxerga o seu lugar profissional no meio disso?
Essa pergunta ainda é meio complexa pra mim porque eu tenho total noção do privilégio de escolha sobre qual caminho eu vou seguir na área profissional. Faço essa escolha há pelo menos 10 anos, diariamente, porque ainda que seja a minha paixão, meu propósito aqui na Terra, ela também é minha profissão, eu preciso pagar contas e criar minha filha. Por muito tempo isso foi difícil para mim porque eu já romantizei num nível tão alto a área da beleza e me perdi um pouco nesse romance porque o financeiro, o “saber cobrar pelo meu trabalho” da maneira que eu mereço era um filme de terror.
Me sentia errada em cobrar, já ouvi dezenas de vezes por pessoas diferentes a seguinte frase: “Bel, você não trabalha em uma Ong, você precisa encarar verdadeiramente como o seu trabalho.”
Então, por mais óbvio que possa ser para alguns, para mim não era tanto, eu viva numa eterna lua de mel com os pincéis.
É importante ressaltar que já tive uma empresa em sociedade de sobrancelha e maquiagem por quase 6 anos em Brasília, foi uma fase que serviu de escola pra mim e me consolidou perante às pessoas. Paralelo à isso eu sempre estive na ativa maquiando e criando conexões com as minhas clientes.
Até chegar no meu primeiro Studio em 2016, o caminho foi muito grande de atendimento à domicílio, nas lojas de colegas, feiras, parcerias com fotógrafos etc. Tudo que eu pude fazer para não me desconectar com as minhas clientes eu fiz. Em 2020 desfiz a sociedade e o Studio, fui viver uma nova fase de atendimento e de trabalho, criei projetos pessoais envolvendo a maquiagem e a internet, me dediquei mais à mim mesma e aos meus propósitos.
Atualmente moro em Portugal, vim em 2022 e aqui tive uma experiência na área profissional que me amadureceu 10 anos em 1 ano e meio.
Sigo em busca da minha essência nesse mundo da beleza que tem tantas camadas ainda não desbravadas por mim.
3) Você ama o que você faz? Como lida com dias ruins? Fala um pouquinho sobre cuidados com saúde mental.
Eu realmente amo muito o que eu faço. Porém esse amor intenso pela profissão que escolhi me traz muitos gatilhos complicados. Me sinto constantemente tentando equilibrar os pratinhos “da vida” e confesso que não consegui ainda relaxar, deixar fluir.
A terapia sempre foi a minha aliada, fiz por muitos anos mas aqui em Portugal eu precisei dar uma pausa momentânea. O processo do autoconhecimento dói, mas nos fortalece. Precisamos ter ao nosso lado pessoas que nos levem para frente, que nos amem verdadeiramente para poder dar conta.
4) Como você enxerga essa nossa cobrança adulta por sermos os melhores, querermos abraçar o mundo e estar sempre produzindo? Como você lida com isso também?
Eu não lido kkkk não vou mentir. Acho bem maluco o tempo que estamos vivendo de cobrança 100% do tempo e de todos os aspectos da vida. A internet nos traz isso, apesar de ser um oásis ela é também um perigo, é preciso ter muita cautela.
Por isso é tão necessário falar sobre assuntos que retratam a vida como ela é, com problemas, que não existe vida perfeita e que tá tudo bem porque ninguém é perfeito. Existem conquistas, vitórias, dias melhores, fases mais leves, claro, mas ao mesmo tempo os dias difíceis continuarão acontecendo porque faz parte da vida de qualquer pessoa.
Precisamos estar mais atentos com o mundo offline que foi muito negligenciado, mas acredito que as pessoas já estão fartas de acompanhar essa perfeição de mentira.
5) Mãe, imigrante, profissional de beleza e muito mais. Como você concilia tudo?
Menina, nem eu sei, eu simplesmente vou sendo o que consigo ser. Sabe a frase “um dia de cada vez”? Pois então, tenho vivido assim porque não adianta querer fazer tudo ao mesmo tempo, é impossível e não dá certo.
Tenho gostado muito da versão Bel Evelin imigrante kkk e especialmente a versão Bel Evelin mãe da Manu e desconhecida no meio de tanta gente, eu quis escrever minha história do 0 novamente quando eu saí do Brasil.
Em breve estarei de volta para uma temporada perto da família porque faz parte deste momento que estou vivendo. Porém imigrar, viajar e ser do “mundo” é absolutamente SUPER importante para mim e sei que depois de um tempo em Brasília eu sairei de novo para viver em outros lugares.
6) Você mantém projetos paralelos né? Como é isso pra voce?
Tenho sentido que “apenas” ser maquiadora não está sendo mais suficiente para me completar. Parece que estou diminuindo a profissão em apenas uma caixinha da minha vida, mas não é, trabalhar na área da beleza é IMENSO, demanda MUITO de mim.
Lá atrás, aos 17 anos quando escolhi ir para Comunicação Social, tinha um motivo, mas eu demorei alguns bons anos para reconhecer isso, a tal da maturidade tem dessas coisas. Por isso estou planejando novos caminhos profissionais para mim, vou pegar toda minha bagagem e pretendo transformar em algo que vai além dos pincéis. No momento certo eu vou trazer tudo isso que está dentro de mim para fora e expandir!
Geradores de assunto no elevador 🧊
Sobre viver os prazeres e o que eles significam: esse episódio de Bom Dia, Obvious está imperdível.
Para refletir 🧠
Trabalhar em você vale a pena <3