Equilibrar prato não é habilidade
Olá você,
Chegou mais uma edição da Não é Spam.
A vida é um eterno equilibrar de pratinhos. E isso não é uma habilidade. A gente costuma achar que sim, né? Mas não deveria.
O precisar "dar conta de tudo" é um dever muito duro da vida adulta. Trabalho, filhos, relações de todos os tipos, boletos, dilemas, terapia, cuidados com a saúde, corpo bonito, cobranças mil, etc. Se você só desse conta de uma dessas coisas já seria pesado. Imagina todas juntas ao mesmo tempo girando e girando e girando?
Ficou tonta? Eu também. Nessas horas, a gente tá acostumado a internalizar e seguir o baile.
A verdade é que a gente vai aprendendo a se auto motivar com frases de efeito e se contentar com o caos.
O caos ensina, eu sei. Mas o caos não deveria ser o nosso "normal". Ter tempo para gente não deveria ser algo visto como ruim. Sentir culpa não deveria ser naturalizado.
A gente se perdeu no meio desse tanto de coisa e se reencontrar é trabalhoso. E não é exercício para um dia. É diário.
A boa notícia é: não estamos sozinhos.
Nunca mais vai te faltar assunto no elevador...
Toda semana falo aqui de assuntos variados como trabalho, produtividade, descanso, feminilidade, liderança. Tem também a entrevista ping-pong.
Essa news é um complemento (talvez um espaço mais extenso) do meu instagram @clubebadass.
Ping-pong ☕
A entrevista de hoje é com a Carol César (@carolinecesar).
Super antenada e amante de TikTok, ela produz conteúdos mega instagramáevis e desde que se entende por gente já trabalha com produção de conteúdo de forma orgânica - ainda na infância - e atualmente como jornalista e social media.
Carol deixou claríssimo na sua entrevista que é super possível amar o que faz e se desligar para descansar. Mas assim como todos nós, ela tá aprendendo a buscar esse equilíbrio na vida.
1) Conta um pouquinho antes como é sua profissão, o que te fez escolher ela e como você chegou onde está hoje. Basicamente sua trajetória.
Para começar a falar sobre a minha profissão, eu já começo contando que aos 9 anos de idade eu criei meu primeiro blog na internet com dicas de coisas que eu via. Eu brinco que eu sempre fui imersa nesse mundo da produção de conteúdo. Eu meio que nasci nisso e já tive blog, já tive Youtube, Tumblr. Já caminhei bastante nesse mundo da produção de conteúdo no sentido de hobby durante a minha vida, então, eu sabia que quando eu chegasse ali na época de escolher uma profissão eu realmente iria pra esse lado da produção textual, audiovisual.
Pensando em ter possibilidades de caminho, eu acabei optando pelo jornalismo que na época para mim fazia muito sentido porque eu trabalharia muito essa questão de produção textual. Também teria possibilidade de fazer concurso público porque abre muita vaga para jornalismo em concurso. Aí eu acabei caindo em social media e gestão de redes sociais, que é com o que eu trabalho hoje.
No meu primeiro semestre da faculdade quando eu tinha 18 anos surgiu a oportunidade de cuidar do Instagram de uma marca que estava nascendo, que era uma empresa de nutrição aqui em Brasília. Na época, a dona que a Natália ela perguntou se eu poderia ajudar ela a cuidar do Instagram da marca e tudo mais porque ela gostava muito do que eu fazia no meu próprio perfil. Elas foram minhas primeiras clientes. Eu meti as caras e falei: “bom já que eu sei mexer no meu, eu vou saber mexer no de empresas também. Só que o jornalismo não me dava todas as ferramentas necessárias, os ensinamentos necessários para mexer com esse lado mais da publicidade. Eu comecei a me especializar nisso também. Comprei diversos cursos, realizei diversas formações voltadas para social media redes sociais e acabei me apaixonando.
Hoje sou jornalista, porém eu atuo como social mídia.
2) Um dos principais debates sobre trabalho é: dizem que a gente pode escolher um trabalho (que tem um propósito) ou um emprego (para pagar as contas). Como você enxerga o seu lugar profissional no meio disso?
Essa questão desse debate de propósito ou pagar as contas é muito real. Eu acho que ela acontece em diversas fases da nossa vida e a gente vai mudando de opinião. Quando eu entrei no mercado de trabalho ali em 2017/2016 pra mim era 100% propósito. Eu estava ajudando marcas a crescerem no digital e ao ajudar as marcas, eu ajudava pessoas que trabalham nessas marcas. Mas conforme os anos foram passando e a gente vai mudando os objetivos e a gente vê que todo mundo precisa de dinheiro para chegar onde quer, a gente vê que o buraco é mais embaixo.
Hoje eu acredito plenamente que o meu trabalho, mas acredito nisso que ele é um meio para eu alcançar meus objetivos de propósito. O meu trabalho não é meu propósito sabe? Ele é um meio que vai me levar até o meu propósito de forma indireta e não de forma direta. Eu tenho muito isso na minha cabeça hoje. Ou seja, esse é o meu lugar profissional e eu enxergo que ali tem seu valor, porque de fato as redes sociais impulsionam as empresas e consequentemente pessoas, mas eu vejo que o meu trabalho é muito mais uma ferramenta para chegar nos meus objetivos.
3) Você ama o que você faz? Como lida com dias ruins?
Eu sei que às vezes parece muito romântico, mas eu sinceramente amo o que eu faço. Eu acho que ainda mais quando a gente ama o que a gente faz, lidar com os dias ruins é mais difícil. Porque às vezes vem o dia ruim e você não tá esperando, afinal você ama o que você faz. Só que aquele dia está aí e você vai ter que lidar com aquilo. Então, fica aquele aquela mistura na cabeça, meio 8/80.
Eu tenho essa tática de sempre me lembrar que eu poderia estar trabalhando em um lugar que eu odeio com pessoas não tão legais assim e que seria muito mais maçante e péssimo pra minha saúde mental. Então, eu tento me lembrar disso nos dias ruins e aí vem aquela questão da gratidão e da positividade. Tudo parece papo de coach, mas eu tento fazer isso nos dias ruins porque eu acho que ajuda.
4) Como você enxerga essa nossa cobrança adulta por sermos os melhores, querermos abraçar o mundo e estar sempre produzindo? Como você lida com isso também?
Essa é a pergunta mais difícil da sua lista de perguntas.
Eu acho muito difícil lidar com isso. Eu confesso que até hoje eu tenho problema para lidar com isso, não cheguei numa resposta. Eu nem sei se essa resposta existe. A gente fala muito de ter equilíbrio, mas não é bem assim. Se fosse fácil ter equilíbrio, estava todo mundo equilibradíssimo né? Ninguém precisaria cuidar da saúde mental.
Mas confesso que têm dias que sinto que não sei lidar com essa cobrança e têm dias que realmente bato no peito e falo: “vou ser minha melhor versão hoje e vou pegar esse projeto aqui. Ele vai ser o melhor de todos.” E têm dias, tipo no dia seguinte que eu me arrependo de ter feito isso achando que não vou dar conta.
Eu sou muita a pessoa dos projetos. Se uma pessoa me oferece um projeto, eu fico: “meu Deus, que incrível! Quero muito fazer parte.” E a gente esquece que o dia tem 24 horas né?
Então, sendo bem sincera, eu ainda não aprendi a lidar com a cobrança adulta pra gente ser sempre o melhor. Eu acho que tem que ser um dia de cada vez e tentar equilibrar os pratos. Não é fácil, mas vamos continuar tentando.
5) Como você descansa a cabeça?
Antigamente, essa questão do descanso eu nem colocava isso em pauta. Então, eu ia abraçando projeto atrás de projeto, trabalho atrás de trabalho, frila atrás de frila e o descanso era assim: se der, eu descanso. Se der, eu vejo uma série; se der eu pego um livro no domingo. Eu não tinha muito limite e aí né os anos foram passando e eu vi o quanto isso ia ser muito prejudicial para mim.
Eu mudei totalmente minha visão de trabalho e descanso hoje para mim é muito determinado. Sexta-feira, 19 horas, acabou o expediente. Não me chame porque não vou dar prioridade para trabalho, a não ser que realmente seja uma questão de vida ou morte ou que tenha sido um erro meu. Não pego mais trabalho fim de semana também. São escolhas e eu sei que eu ainda sou muito nova, tenho muita energia e as pessoas até me julgam por ter feito essa escolha tão cedo. Mas eu acho que a gente tem que ir acostumando nossa vida e nossa rotina de forma mais saudável mesmo.
Sábado e domingo são dias de descanso total para mim. A forma que eu tenho de descansar minha cabeça é simplesmente estando com a minha família; dedicando um tempo pra ver as coisas que eu gosto. Apesar de trabalhar com internet, eu amo mesmo passar tempo vendo as pessoas produzirem conteúdo No TikTok, por exemplo. Também gosto muito de ler, então, dedico um tempo para ler meus romances água com açúcar. Eu sou a rainha de restaurantes aqui de Brasília. Por isso, eu amo sair pra conhecer restaurante, sair para ver um filme.
6) Você mantém projetos paralelos né? Como é isso pra você?
Eu gosto muito de manter projetos paralelos. Eu acho que isso estimula a nossa criatividade, mexe com outros pontos que a gente às vezes não consegue trabalhar em um trabalho tão fechado de 8 às 18.
No meu caso é uma coisa que se mistura bastante porque como eu sou social mídia. Atendo vários clientes no meu trabalho tradicional e esses vários clientes realmente têm temáticas diferentes. Então eu meio que já passei em projetos paralelos durante o dia inteiro.
Eu já tive uma empresa de granola artesanal. Eu adorava, mas por questão de tempo e rotina, a gente teve que dar uma pausa nela. Eu também tento manter o meu perfil pessoal bem ativo porque é algo que me faz bem e tenho alguns contratos como blogueira/influencer.
Algo que funciona bem para uma pessoa que gosta de projetos paralelos é a organização. A pessoa precisa ser muito boa de planejamento. Eu tenho aqui tipo 5 linhas editoriais que dividem o meu Google Agenda. Tem a Carol pessoal, tem a Carol blogueira, tem a Carol social mídia, tem a Carol que pega frila. Eu tenho um calendário com lista de tarefas para cada uma dessas facetas e assim que tem funcionado ultimamente.
Geradores de assunto no elevador 🧊
Fiz meu mapa astral esses dias. Só façam. É uma imersão tão linda e profunda em si.
Para refletir 🧠
Seus amigos sabem o quanto você os admira? Coisa boa a gente fala <3